Vez em quando, dou meus pitacos na sessão de comentários do leitor do
Diário dos Campos, de Ponta Grossa. O jornal é supostamente centenário (foi fundado em 1908 como "O Progresso", teve um hiato de 10 anos sem ser publicado, nos anos 1990, mas voltou e se diz um jornal independente).
Pois bem, aconteceu uma coisa que nunca havia ocorrido com um texto meu até hoje: fui censurado! Eu já escrevi várias coisas destoando do senso comum, mas confesso que não esperava por essa (Não que eu esteja chateado, de certa forma é um orgulho ser censurado por um jornal da minha cidade natal).
O fato é que escrevi um comentário em forma de manifesto, intitulado "Mijem na Míxem", sobre a matéria de 8/12/2009 que versava sobre os "81,9 mil pagantes" que compuseram o coro dos contentes na festa sertanejo-alemã de PG, a chamada "München Fest", em sua vigésima edição repleta de animadas atrações e shows com artistas tão geniais quanto João Neto e Frederico, Calcinha Preta, Jorge e Mateus, Maria Cecília & Rodolfo, Hugo Pena e Gabriel, Inimigos da HP, sem esquecer os Titãs, ou o que sobrou deles.
Tais shows, em minha opinião, traduzem muito bem o "espírito alemão" da festa. Só pra constar: pra quem não conhece, Ponta Grossa tem mais descendentes de poloneses e italianos do que de alemães, mas tudo bem, o prefeito é alemão, chucro e flamenguista, é ele quem manda.
Eis que meu texto ficou "aguardando avaliação para ser exibido publicamente" nas páginas virtuais do diário princesino. Obviamente, pelas severas críticas em tom de ironia, não esperava vê-lo publicado nas páginas de papel do jornal, mas daí para simplesmente não ser "exibido publicamente" no sítio, me fez pensar a respeito dos motivos pudicos ou excusos que levariam a editoria do tradicional diário (ou quase: o periódico princesino jamais circula às segundas-feiras, mas desconheço coletivo para nomear uma publicação que circula todos os dias menos às segundas-feiras, por isso, sigo a forma como o dc se vê, ainda que, justiça seja feita, não se tratar de uma exclusividade:, o jornal da mãnha tampouco circula às segundas-feiras, do mesmo modo que o falecido diário da mãnha funcionava sob o mesmo regime de celibato) a considerar o texto inadequado para a "exibição pública", conforme está afirmado no çaite.
De qualquer modo, temos a internet e eu tenho esse blog com meus dois ou três leitores, e isso pode, ao contrário do arbítrio do Diário dos Campos, "exibir publicamente" meu texto censurado. Você pode lê-lo, se for de seu interesse. E também pode discordar dele, se quiser. Ficarei feliz de qualquer modo.
Quem sabe seja capaz provocar um debate sobre a pertinência da crítica ou a necessidade de endosso das práticas vis de nossa política "curturar", e também reflexões sobre qual deve ser o ritual necessário e critérios para um texto ser ou não publicado no jornalismo ponta-grosseiro.
abraços
MIJEM NA MÍXEM!
Esse evento dantesco é o que poderíamos chamar de “um flash de nós mesmos”. Por um lado, ajusta-se perfeitamente aos anseios de nossa bela “classe mérdea” (como bem definiu o grande João Antônio). Como um espelho de sua mediocridade, desejo de aparecer, incongruência mental, baixo nível cultural, arrogância, sorrisos forçados para as colunas çociais, a fim de mostrar-pra-mamãe-como-estou-feliz com meus dentes novos, meu botox novo, meu carro novo, meu casamento novo, meu anel de brilhantes novo, minha maquiagem nova, meu dia de rainha da festa, entre outras qualidades não menos deploráveis, a mixa fest cumpre seu papel. Por outro, funciona também como um exemplo das injustificadas justificativas para abafar o que vai mal em nossa administração pública, a partir da perversão e inversão dos valores humanos em nome da subversão, autoritarismo e visão estreita do mundo, da cultura e da política, da destruição do patrimônio histórico (de qual a festa mixa é um dos baluartes, pois sua primeira edição serviu de funeral para o pátio da rede ferroviária e a bizarra transformação que se impôs depois aos mais caros símbolos de nossa cidade), as respostas evasivas aos problemas graves que atingem a população menos favorecida (falta de calçamento em vias públicas, mentiras sobre asfalto em ruas não asfaltadas(I), falta de saneamento básico, falta de segurança, falta de acesso à cultura de verdade, falta de saúde, falta de transporte público de qualidade, falta de asseio nas ruas e praças, falta de opções que fujam da avenida mijem, falta de democracia, falta de amor) ).
o espírito de porco que toma conta da city em dias de peste irracional do chopescuro (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkrindopordentro) surge como um perfeito breviário daquilo que cada vez mais se radicaliza na pobre Princesinha dos Campos (talvez melhor fosse chamá-la "Tristeza dos Campos"): a destruição de tudo o que fez de nossa cidade um exemplo positivo no passado, a aniquilação de qualquer voz crítica que se oponha à catarse coletiva(II), sob as bênçãos de podres políticos, publicitários-otários, radialistas-normalistas, assessores de comunicação viciados no espetáculo, empresários egoístas, policiais marginais, médicos esteticistas, professores que nada ensinam, universi-otários, artistas-autistas, jornalistas com ou sem diploma, verborrágicos insanos, e qualquer outra criatura que tenha língua e dedo (rindo por dentro de novokkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)... e claro, com a anuência passiva de um povão com vocação para cordeiro, que não conhece, não quer e nem pode conhecer a própria história, já que ela foi deturpada, vendida e estuprada por um bando de visigodos sedentos e apegados ao poder e ao mundo brilhante e rococó, tão caro ao mau gosto das elites brilhantes, que instituiu a repartição dos cargos públicos e dos meios de comunicação, quase sempre a serviço de seus interesses individuais(III) ). Enquanto a mixa fest acontece, a natureza dos campos gerais segue sendo destruída em nome do agronegócio e da farofagem, a memória segue sendo queimada em praça pública, a cidade segue mal-administrada, nossa sociedade segue uma das mais bisonhas do estado. O mais incrível é o silencioso pacto de mediocridade existente entre nossa elite política e cultural, pacto que mantém as coisas exatamente como elas são e que, como suínos, nos obriga a refestelar-nos na lama da alienação através da promoção da pobreza de espírito de uma çocáiti burra, alienada, triste, miserável e cruel, acostumada a ser servida enquanto chafurda nos próprios dejetos. Uma vez mais cito o grande João Antônio (não conhece? Leia “Malagueta, Perus e Bacanaço”): PRA QUE TROUXA QUER DINHEIRO? cadê a princesinha?
(II) O próprio texto foi uma das vozes aniquiladas por se recusar a compactuar com a catarse coletiva.
(III) No original enviado para o Diário dos Campos e não publicado no sítio, constava "(com honrosas exceções, entre as quais o DC talvez faça parte)".