domingo, 27 de dezembro de 2009

40 posts, a terra do Zacarias & meu avô

Esse é o quadragésimo post dos Caldos de Cana.

Quarenta escritos! E não é que eu consegui? Talvez nem seja muito...

Hoje é 31 de dezembro de 2009, faz 30 anos que meu avô paterno, o velho Theodoro Silva, morreu. Então, de certa forma, esse post será escrito como uma homenagem a um ser humano que congregou em torno de si toda uma família, que nunca mais foi a mesma depois de sua morte.
Eu tenho que admitir que estou contente por chegar ao número 40. Aquela velha máxima do Mário de Andrade sobre o fato de todo escritor acreditar na valia do que escreve, e que, por consequência, se vier a mostrar ou esconder, será por vaidade.

Em comemoração aos 40 textos dos Caldos de Cana, um especial sobre uma viagem excelente que fiz em companhia de meus amigos Milton, Tassiani e seu filho Theo, até Sete Lagoas.
Eu me convidei a ir com eles, e fui dirigindo o fusca 78 de Tass até a cidade que fica aproximadamente a 70 km de Belo Horizonte.
Milton Fernandes & Tassiani Cançado, meus protetores


Lá chegando, passamos o dia 25 de dezembro junto à família de Milton, num sítio rodeado de pequizeiros, flamboyants, acerolas, jenipapos, buritis, com direito a cães, galinhas, lagoa, tias, avós e bisavós.

Pequis


Uma delícia. A família tradicional mineira, reunida e festeira como sempre
Acerolas


Violão, cerveja, piadas e um clima de confraternização maravilhoso.

Violões que choram

E agora, a lembrança de meu velho avô e de tudo o que eu sou, e também as lembranças maternais, cujos avós me deixaram também muito cedo, servem talvez como uma forma de dizer que a vida é um mistério, um mistério feito de traços que nos unem a todos.

Em Sete Lagoas, no ano 2009, ou em Ponta Grossa, no dia 31 de dezembro de 1979.

Neste momento, um vinho Mioranza na cabeça, e amanhã eu e a Giu rumo ao norte de Minas e ao litoral sul da Bahia

Amém.

Milton e tia Geralda, embaixo de um flamboyant

Buritis

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Um pouco de boa música

O último post foi uma surpresa para mim.
Até o momento, com 13 comentários (incluindo as réplicas do autor), foi o mais comentado de todos os posts do Caldo de Cana. Uma surpresa, claro, que me faz pensar: primeiro, a indignação com o estado das coisas não é só minha, e isso me deixa aliviado porque eu sou paranóico o suficiente para achar que posso virar um chato. Segundo, preciso voltar a viajar! Sim, porque o objetivo deste blog é contar aventuras e desventuras de um viajante em busca de um olhar diferente das estradas da vida.
Então, meus três ou sete leitores, preparem-se porque os Caldos de Cana vão pegar um pouco da poeira do asfalto, daqui uns dias, rumo ao norte. Na verdade, yes, i'm going back to Bahia, via norte de Minas.
Esperai, irmãos e irmãs. E acompanhai!
Voltar a Bahia é sempre emocionante e eu espero encontrar tantas curiosidades quanto eu encontrei no ano passado. E também, fundamentalmente, pretensiosamente, inspirar quem quer que me leia a fazer o mesmo!
Jack Kerouac: "Cair na estrada é a única coisa digna a ser feita por nossa geração".
Enquanto isso, já que as últimas palavras foram, digamos, indignadas e um tanto virulentas, e eu quero limpar este blog de toda e qualquer má energia, aqui vai um vídeo belíssimo com o cantor Thomas Quasthoff, cantando um lied de Schubert, acompanhado por Daniel Baremboim ao piano.
Assistam e tirem suas próprias conclusões a respeito da boa música, da música com alma, a música com Vida.
Agradeço ao meu amigo, Maestro Osmário Estevam Junior, por ter me indicado esse vídeo, que já devo ter assistido umas dez vezes nas últimas 4 horas.
Confesso que não consegui assistir sem deixar de me emocionar em cada uma delas.
Aproveitem e emocionem-se, também, afinal, eu acho, a música, e talvez só ela, pode nos curar de tudo.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

MÍJEM NA MÍXEM!!

Vez em quando, dou meus pitacos na sessão de comentários do leitor do Diário dos Campos, de Ponta Grossa. O jornal é supostamente centenário (foi fundado em 1908 como "O Progresso", teve um hiato de 10 anos sem ser publicado, nos anos 1990, mas voltou e se diz um jornal independente).

Pois bem, aconteceu uma coisa que nunca havia ocorrido com um texto meu até hoje: fui censurado! Eu já escrevi várias coisas destoando do senso comum, mas confesso que não esperava por essa (Não que eu esteja chateado, de certa forma é um orgulho ser censurado por um jornal da minha cidade natal).
O fato é que escrevi um comentário em forma de manifesto, intitulado "Mijem na Míxem", sobre a matéria de 8/12/2009 que versava sobre os "81,9 mil pagantes" que compuseram o coro dos contentes na festa sertanejo-alemã de PG, a chamada "München Fest", em sua vigésima edição repleta de animadas atrações e shows com artistas tão geniais quanto João Neto e Frederico, Calcinha Preta, Jorge e Mateus, Maria Cecília & Rodolfo, Hugo Pena e Gabriel, Inimigos da HP, sem esquecer os Titãs, ou o que sobrou deles.
Tais shows, em minha opinião, traduzem muito bem o "espírito alemão" da festa. Só pra constar: pra quem não conhece, Ponta Grossa tem mais descendentes de poloneses e italianos do que de alemães, mas tudo bem, o prefeito é alemão, chucro e flamenguista, é ele quem manda.

Eis que meu texto ficou "aguardando avaliação para ser exibido publicamente" nas páginas virtuais do diário princesino. Obviamente, pelas severas críticas em tom de ironia, não esperava vê-lo publicado nas páginas de papel do jornal, mas daí para simplesmente não ser "exibido publicamente" no sítio, me fez pensar a respeito dos motivos pudicos ou excusos que levariam a editoria do tradicional diário (ou quase: o periódico princesino jamais circula às segundas-feiras, mas desconheço coletivo para nomear uma publicação que circula todos os dias menos às segundas-feiras, por isso, sigo a forma como o dc se vê, ainda que, justiça seja feita, não se tratar de uma exclusividade:, o jornal da mãnha tampouco circula às segundas-feiras, do mesmo modo que o falecido diário da mãnha funcionava sob o mesmo regime de celibato) a considerar o texto inadequado para a "exibição pública", conforme está afirmado no çaite.

De qualquer modo, temos a internet e eu tenho esse blog com meus dois ou três leitores, e isso pode, ao contrário do arbítrio do Diário dos Campos, "exibir publicamente" meu texto censurado. Você pode lê-lo, se for de seu interesse. E também pode discordar dele, se quiser. Ficarei feliz de qualquer modo.

Quem sabe seja capaz provocar um debate sobre a pertinência da crítica ou a necessidade de endosso das práticas vis de nossa política "curturar", e também reflexões sobre qual deve ser o ritual necessário e critérios para um texto ser ou não publicado no jornalismo ponta-grosseiro.
abraços

MIJEM NA MÍXEM!
Esse evento dantesco é o que poderíamos chamar de “um flash de nós mesmos”. Por um lado, ajusta-se perfeitamente aos anseios de nossa bela “classe mérdea” (como bem definiu o grande João Antônio). Como um espelho de sua mediocridade, desejo de aparecer, incongruência mental, baixo nível cultural, arrogância, sorrisos forçados para as colunas çociais, a fim de mostrar-pra-mamãe-como-estou-feliz com meus dentes novos, meu botox novo, meu carro novo, meu casamento novo, meu anel de brilhantes novo, minha maquiagem nova, meu dia de rainha da festa, entre outras qualidades não menos deploráveis, a mixa fest cumpre seu papel. Por outro, funciona também como um exemplo das injustificadas justificativas para abafar o que vai mal em nossa administração pública, a partir da perversão e inversão dos valores humanos em nome da subversão, autoritarismo e visão estreita do mundo, da cultura e da política, da destruição do patrimônio histórico (de qual a festa mixa é um dos baluartes, pois sua primeira edição serviu de funeral para o pátio da rede ferroviária e a bizarra transformação que se impôs depois aos mais caros símbolos de nossa cidade), as respostas evasivas aos problemas graves que atingem a população menos favorecida (falta de calçamento em vias públicas, mentiras sobre asfalto em ruas não asfaltadas(I), falta de saneamento básico, falta de segurança, falta de acesso à cultura de verdade, falta de saúde, falta de transporte público de qualidade, falta de asseio nas ruas e praças, falta de opções que fujam da avenida mijem, falta de democracia, falta de amor) ).
o espírito de porco que toma conta da city em dias de peste irracional do chopescuro (kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkrindopordentro) surge como um perfeito breviário daquilo que cada vez mais se radicaliza na pobre Princesinha dos Campos (talvez melhor fosse chamá-la "Tristeza dos Campos"): a destruição de tudo o que fez de nossa cidade um exemplo positivo no passado, a aniquilação de qualquer voz crítica que se oponha à catarse coletiva(II), sob as bênçãos de podres políticos, publicitários-otários, radialistas-normalistas, assessores de comunicação viciados no espetáculo, empresários egoístas, policiais marginais, médicos esteticistas, professores que nada ensinam, universi-otários, artistas-autistas, jornalistas com ou sem diploma, verborrágicos insanos, e qualquer outra criatura que tenha língua e dedo (rindo por dentro de novokkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk)... e claro, com a anuência passiva de um povão com vocação para cordeiro, que não conhece, não quer e nem pode conhecer a própria história, já que ela foi deturpada, vendida e estuprada por um bando de visigodos sedentos e apegados ao poder e ao mundo brilhante e rococó, tão caro ao mau gosto das elites brilhantes, que instituiu a repartição dos cargos públicos e dos meios de comunicação, quase sempre a serviço de seus interesses individuais(III) ). Enquanto a mixa fest acontece, a natureza dos campos gerais segue sendo destruída em nome do agronegócio e da farofagem, a memória segue sendo queimada em praça pública, a cidade segue mal-administrada, nossa sociedade segue uma das mais bisonhas do estado. O mais incrível é o silencioso pacto de mediocridade existente entre nossa elite política e cultural, pacto que mantém as coisas exatamente como elas são e que, como suínos, nos obriga a refestelar-nos na lama da alienação através da promoção da pobreza de espírito de uma çocáiti burra, alienada, triste, miserável e cruel, acostumada a ser servida enquanto chafurda nos próprios dejetos. Uma vez mais cito o grande João Antônio (não conhece? Leia “Malagueta, Perus e Bacanaço”): PRA QUE TROUXA QUER DINHEIRO? cadê a princesinha?
NOTAS: (I) Notícia de hoje (9/12/2009) no Diário dos Campos: "Rua de terra consta como 'pavimentada'".
(II) O próprio texto foi uma das vozes aniquiladas por se recusar a compactuar com a catarse coletiva.
(III) No original enviado para o Diário dos Campos e não publicado no sítio, constava "(com honrosas exceções, entre as quais o DC talvez faça parte)".

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Algumas fotos da Estrela Japonesa



Cachaça, cerveja, refrigerante, sucos, leite em pó, bebidas de soja, fios de linha, fumo, abridores de garrafa, gatinhos da sorte chineses, achocolatado, suspiro, doces, balas, biscoitos, conhaque, azeite, sandálias de borracha, vassouras, ancinhos, margarina, maionese, copos plásticos, limões, sorvetes, pimentas, caixas de fósforos, isqueiros, cigarros industrializados, cigarros de palha, charutos, cachimbos, vinagre, querosene, pregos, feijão, erva-mate, arroz, macarrão, massa de tomate, cuia, bomba, sabonete, sabão em pó, detergente, produtos de limpeza, pão de mel, rollmops, vina em conserva (quem não souber o que é uma vina, vá a Curitiba e peça seu cachorro-quente com duas vinas), ovos de codorna, pepino azedo, latas de ervilha, milho verde, linguiça defumada, café, tempero, coadores e filtros de café, água mineral, gasosa de gengibirra, mel, melado, geléia, chá, chaveiros, butijão de gás, suco de abacaxi, groselha, alho, agulha, luvas, enfeites, fitas adesivas, etiquetas, carrinhos de brinquedo, bonequinhas, porta-retrato, pilhas, chupetas, mamadeiras, lâminas de barbear, filmes fotográficos, canetas, lápis, lápis de cor, cadernos, escova de dentes, creme dental, energético, suco em pacote, maçã, café solúvel granulado, sopas em pacote, velas, sinetas, acetona, algodão, água oxigenada, cera automotiva, cera para casa, cera para sapatos, sapatos, tênis, seda para cigarros, cola escolar, cotonetes, benzina, pato donald, cortiça, pente, escova de cabelo, trena, lanterna, creme de barbear, cortadores de unha, tesoura, vinho, vermute, conhaque, desodorante, chocolate, paçoca, panos de limpeza, água sanitária, soda cáustica, amaciante, fogareiro a gás, copos de vidro, pratos, veneno contra insetos, temperos, suco de uva, molho inglês, molho shoyu, caracu, cadeiras amarelas, flores de plástico, guarda-chuva, pinça, tomadas, papel alumínio, uísque nacional e escocês, churrasqueira, gim, esponja, palha de aço, chuveiro, lâmpadas, farinha de milho e de mandioca, catchup, licores, plantas.


Sim, tudo isso.


E mais algumas coisas que, provavelmente, eu não notei.

Dona Teresa, a Estrela Japonesa, atrás do balcão de um dos mais singulares estabelecimentos curitibanos

Na esquina da Comendador Macedo com Mariano Torres, Centro de Curitiba, há 44 anos
O bar tem grande diversidade de produtos





Gostou?

Então, passa lá uma tarde dessas pra tomar cerveja e comer um rollmops.