domingo, 28 de fevereiro de 2010

Nanuque


Nanuque fica no extremo nordeste mineiro, quase já na Bahia. A cidade é cortada pelas águas barrentas do Rio Mucuri, que vai desaguar na cidade do mesmo nome, no sul da Bahia. Trata-se de um daqueles lugares que não figuram no imaginário coletivo dos habitantes do centro-sul do Brasil - mas que, ao contrário do que possam pensar os "civilizados"(esse termo normalmente combina com "alienados"), Nanuque existe, tem coisas interessantes, uma dinâmica própria, e um jeito simples de viver.
É claro que trata-se de um lugar onde a concentração de renda é a lei - ali, as usinas de cana-de-açúcar são a base da economia, também agora representadas pela plantação de eucaliptos para a indústria de papel. Em outras palavras, significa que há cada vez menos mata e pastagem nativa e cada vez mais monocultura e latifúndio.Eu não me aprofundei nos conflitos sociais que podem exisitir por ali, mas é óbvio que os contrastes e contradições falam por si mesmos. O lugar antigamente era habitado por povos indígenas, e deles, só restou o nome - a cidadezinha de Serra dos Aimorés, a última cidade mineira antes da Bahia, a própria nomenclatura Nanuque, Mucuri, são alguns exemplos do que sobrou desses povos.
Depois, o homem branco chegou, e dominou tudo. O século 20 trouxe a exploração mecanizada, e é evidente que a mobilidade social ali é algo muito lento, quase estático. Também, não há universidade (a UFVJM teve o câmpus inaugurado em Teófilo Otoni há menos de um mês, e de resto, temos outras só em Porto Seguro, distante uns 400 km do lugar).
De uma certa forma, a população de Nanuque vai levando sua vida do jeito antigo, lento, com o isolamento rompido apenas recentemente, pela Internet e pelas antenas de TV e suas telenovelas, que interferem e muito na vida da cidade e nas aspirações de seus habitantes.
Dá pra sentir que os jovens de lá querem uma vida melhor, mas essa vida melhor, o sonho talvez de ir para a cidade grande - seja Vitória, Belo Horizonte ou Salvador, e mesmo ainda o "sul maravilha" que já não ilude tanto, mas ainda tem seus adeptos - será compatível com as suas reais necessidades?
Bom, não vai ser aqui que vamos questionar as estruturas fundiárias, agrárias, sociais que fizeram a sociedade brasileira, sempre baseadas na lei do mais forte.
Apenas as imagens, nunca isentas de uma interpretação e de escolhas do observador, podem, talvez, falar por si mesmas.


O rio Mucuri tendo ao fundo a pedra Bueno


Produtos típicos


Verde que te quero azul


Indiferente às preocupações, o menino nada nas águas barrentas do Mucuri


Breno, um garoto feliz


Cães vadios, lentos como o tempo do lugar


Paraguai em Nanuque


Muito cuidado com o tipo de refresco que você vai pedir


Amizade no mais alto grau


"E vão fazendo telhados"


O sorriso de seu Adriano Zacarias é a expressão de um homem tranquilo



O Fritz (que não é assadiz nem cozidis)


Vista geral, ao fundo a Serra dos Aimorés


Na descida do morro do Bueno, ao fundo os eucaliptos



Fachadas coloridas e roupas secando num dia de muito sol



Contrastes nanuquenses - ao lado da simplicidade, a quase barroca sofisticação

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Teófilo Otoni


Teófilo Otoni é conhecida por ser a cidade das pedras preciosas.
Localizada no Nordeste de Minas Gerais, está a pouco mais de 150 km da Bahia. Uma cidade quente, entre montanhas, absolutamente simpática, agradável.
Nesta cidade (que, pouco mais de um mês depois que lá estivemos, recebeu a visita do presidente da República, a inaugurar um câmpus da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - sob protestos estudantis, que clamavam contra a estrutura precária do câmpus), pudemos sentir pela primeira vez o clima anunciando a Bahia.
Passeamos pelas vielas, sobe-desce ladeira, da cidade entre as montanhas, e conseguimos captar algumas imagens ilustrativas do local.
Eu sempre quis conhecer Teófilo Otoni (não me perguntem por quê, só sei que quando era criança, nas aulas de Geografia, sempre que aparecia o nome da cidade, eu pensava "um dia, vou conhecer esse lugar"). Não me arrependi e recomendo.
Ali, tomamos o refrigerante mais doce que já conheci - Mate Cola, uma mistura gasosa de erva-mate, chapéu de couro, cola e aroma de framboesa. Sui generis.
Mais um pedacinho do Brasil varonil desbravado heroicamente pelos mugwumps.
A catedral Lazuli e o índigo céu
Roa Bastos escreveu um conto chamado "El señor Obispo"
Se por acaso morreres ao dormir, estamos aqui pra isso mesmo...
El Mugwump Barba Blanca, com boné do Vietnam, bebendo uma pra espantar o calor
Y su bela Giu... (como ela me aguenta???)
Fábio, um camarada, que nos serviu uma deliciosa cachaça de Araçuaí, "Dama de Ouros"
Eu daria tudo pra ser esse cara
A catedral, de outro ângulo
Um crime contra o Brasil: acabaram com os trens
Como seria bom se essa promessa se tornasse realidade...
O entardecer na bela cidade
Pode deixar, eu não vou subir aí com meu carro.
Casinha pequenina
Sempre cães na janela

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Bloco dos Infantis















O Carnaval chegou e está indo embora, e depois de amanhã, o Brasil recomeça (ou começa) a sua vida e sua rotina.
O melhor deste Carnaval foi sem dúvidas estar junto de minha turma, Giu, Márcio e Luan Gabriel, e participar da folia em duas cidades históricas de Minas Gerais, primeiro em Sabará, depois em Ouro Preto.Criamos até um mini-bloco, o Bloco dos Infantis, cujo nome foi de certa forma uma homenagem ao Arnaldo Dias Baptista e o que dele disse o Sean Lennon, no filme "Loki" (em cartaz na Mostra Passou Batido, no Palácio das Artes, em BH): "Arnaldo é uma criança". Enquanto para algumas pessoas o adjetivo "infantil" pode ter uma conotação negativa, nós percebemos (antes do filme, até) que, de certo modo, ser "infantil" significa muitas coisas boas: acreditar antes de duvidar, sorrir, levar uma vida alegre e brincante, não só por causa do carnaval, mas em geral, e sempre.Cada um no seu quadrado, mas acho que ser "infantil", ou ser chamado de "poeta", "sonhador", para mim, realmente, não ofende, muito pelo contrário: é uma constatação.

Felicidade é jamais deixar a criança de dentro da gente morrer.


Eu não troco a alegria sincera de um Carnaval saudável por nada, seja o que for.

E pra quem duvidar, as fotos abaixo falam por si mesmas.

Abraços infantis, um pirulito e uma bitoca no nariz!

(Antes que eu me esqueça, o grande presente de Momo, para além da festa, foi o fato de que o Arruda, ex-governador e corrupto mor do Distrito Federal, está neste exato momento curtindo um catre numa prisão em Brasília. Isso animou bastante a folia, podem acreditar).