sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mais uma vez, Pelô

Dizem que o Pelourinho está decadente, esquecido, que já não é mais o mesmo. Sei lá, talvez possa até ser verdade. O chato do Caetano "escreveu" sobre o abandono do Pelô em sua estreia como colunista d'O Globo uns dias atrás.
Mas eu, toda vez que estou lá, e eu não sei até hoje porque eu demorei tanto pra conhecer o Pelô, sinto que aquele lugar pulsa - sem metáforas, sem aditivos na cabeça, mas juro, eu sinto o coração do Pelourinho bater. Trata-se de uma força ancestral, que talvez guarde debaixo de suas calçadas, de seus prédios, de suas tradições, e principalmente, de sua gente, a Alma, Anima, Animus, do Brazyl.
Falem o que quiserem, o Pelô será sempre o Pelô. Sacaneado pelos poderosos, mas amado por seu povo - mais do que isso, vivido, sentido, entranhado, o próprio Sentido da vida de seus habitantes, o Pelourinho continua um local onde as almas e os exus se encontram e se encontrarão enquanto o sol se põe no horizonte da Bahia de Todos os Santos.
Aqui, um pouquinho deste lugar em que todos somos Nós, todos somos a nossa mãe, África.
Os barcos vão

Cérebros e varais multicoloridos

Urubu-servando a situação



Mama África


O Robocop do Pelô



Nesse partido eu boto fé








Trocamos o passado e a nossa alma pela novidade exemplar da classe mérdea
Eu daria tudo pra ser um menino do Pelô

Música!



Entre becos e ladeiras, amanhece o dia

quinta-feira, 6 de maio de 2010

No calor da hora - o vendedor de cítricos

Eram exatamente 14h02min quando eu saí de casa, pra telefonar, ali no Nilo's, onde está o telefone público mais próximo de minha casa - pouco mais do que alguns passos até a esquina mais interessante do Padre Estáquio.
Liguei em vão, meu amigo não atendeu.
Voltei pra casa e dei de cara com o cidadão das fotos abaixo, José Maria, vendedor de cítricos - limão caipira, mexericas, laranjas. Limão a R$ 3,00 e tangerinas a R$2,00 - as laranjas haviam acabado.
Eu estava mesmo necessitado de limões - em especial da variedade "caipira", ou como queiram suas inúmeras nomenclaturas, e não os havia encontrado em nenhum lugar por aqui.
Não tive dúvidas, comprei uma rede de limões e outra de "mexericas", "mimosas", "morgotes", "bergamotas", "tangerinas", como queira o freguês.


Aí, enquanto eu conversava com o homem, parou um carro com dois marmanjos.

- Tem laranja?
- Laranja, acabou.
- E o que é que tem?
- Tem mixirica e limão. Tá bonito!
- Quanto é que é?
- É dois reais a mixerica e trêis o limão.
- Tá muito caro, sô! Faz a mixirica por um real?
- Ah, não dá. Já tá barata!
- Ah, então, não quero.


O vendedor olha pra mim, rindo, e diz:
- Onde já se viu, vender tudo isso de mixirica por um real! Hehehe.
Cena cotidiana, com frutas, aqui, no portão de casa.
That's BH, sô.