quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Pelourinho em detalhes

Como diziam os chineses, imagens valem mais do que palavras. As imagens que seguem são de um passeio pelas ruas do Pelourinho, dia 27 de dezembro, e seu objetivo é mostrar, ainda que em pequeníssima dimensão, porque o Pelô é patrimônio da Humanidade.
Estou em Cachoeira, cidade às margens do rio Paraguassu, e meu sentimento é de grandes saudades e muita expectativa, porque a viagem continua.
Ainda tenho que fazer um post sobre as pessoas que encontrei em Salvador, e também algumas imagens que fiz hoje, mas um blog como esse é assim: quando dá, a gente posta.
Venham à Bahia!
















VIVA O POVO PALESTINO

Não posso ficar indiferente a mais esse massacre promovido pelo governo fascista de Israel contra o povo palestino. A desculpa é velha: acabar com o que eles chamam de "terrorismo". É estranho e contraditório ver que os "terroristas" do Hamas - aliás, um grupo político que promove ações humanitárias na Palestina ocupada e isolada, distribuindo comida, remédio e educação para seu povo - enviam foguetes para as cidades pequeno-burguesas de Israel e matam 20, 30 pessoas, na maioria soldados, e o estado de Israel, que jamais assume ser Terrorista com T maiúsculo, até agora já matou 380 pessoas, a maioria crianças civis.
Estou indignado, enojado e revoltado.
Infelizmente, não posso fazer nada mais do que protestar e desejar que estes filhos da puta do governo israelense um dia enfrentem os tribunais internacionais e paguem por seus crimes genocidas contra a humanidade.
Que o povo palestino jamais capitule.
E que a paz venha, apesar dos fascistas do governo de Israel.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Cansado, mas feliz

Estou cansado. Hoje, fui junto com as argentinas Solana e Tamara à praia de Itapoã. Foi sem sombra de dúvidas a melhor praia da minha vida, a melhor tarde da minha vida, o melhor por do sol da minha vida, o melhor dia da minha vida.
Amanhã, seguirei caminho: digo adeus ao Laranjeiras e me lanço numa nova empreitada, rumo ao Recôncavo Baiano.
O que posso dizer disso tudo é que vir à Bahia foi a decisão mais acertada que eu tive em 2008. Aqui compreendi várias coisas, aquilo que só sabia nos livros de Jorge Amado e nas fotografias. Descobri finalmente o Brasil, como seu Cabral, e estou encantado, deslumbrado, alucinado pelas cores e energias e sóis e pessoas e corações e caminhadas e festas e sorrisos e beijos e abraços e carinhos e até lágrimas! Agora, quando fui me despedir de Sol e lhe mostrar as fotos que vou levar ao sertão, ela estava chorando e quando perguntei por que, ela disse: Por que te vás embora y mañana no estarás conosco. Bom, essa é a Bahia.
Amanhã, com certeza, vou postar umas fotos do Pelourinho em alguns de seus ricos detalhes. Mas hoje não dá, estou cansado realmente, e vou dormir, com a música de Vinícius e Toquinho na cabeça - minha tarde em Itapoã, ouvindo rádio, queimado de sol e falando de amor.


domingo, 28 de dezembro de 2008

Fui ao Candomblé

E foi legal.
Uma religião em que seu cerimonial parece uma festa em que tudo se compartilha, desde as representações até os espaços, histórias e comidas, só pode ser feliz.
Leiam Macunaíma, Pierre Verger, Claude Levy-Strauss, Jorge Amado e venham pra Bahia.
La alma de Brasil és negra como ébano.
Hasta mañana.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Kerouac, abençoai-me ou "Para um cavalo velho, somente coisas novas"

Estou hospedado aqui no Albergue das Laranjeiras. Muitas coisas acontecem, estar num hostel é como encontrar uma comunidade de velhos amigos que, por pura coincidência, acabaram de se encontrar.
Durante esses dias, eu me senti estrangeiro, porque era o único brasileiro no meio de uma turma de italianos, franceses, holandeses, alemães, argentinos. Falava o tempo todo no meu mau inglês e no meu péssimo portuñol, e às vezes não sabia em que língua estava falando.

Uma mesa globalizada: holandesas, alemão, argentino, italiano, brasileiro, neozelandês e australiana.
Saí com uma turma na noite de 24 de dezembro, fomos ao bairro do Rio Vermelho numa espécie de bobódromo em que havia muita gente dançando aos sons baianos (axé e partido insuportavelmente alto) e era engraçado ver a cara das holandesas, Noär, Sophie e Mirna, acompanhando a dança das baianas.

Mambo, Cuba, 1950

Ao final de uma noite agradável, um fato não incomum: um maldito punguista pôs a mão em meu bolso e me roubou 50 reais, quase em frente ao hostel. Uma merda, mas tá legal, ficou até barato - eu estava alcoolizado e poderia ter sido pior. Depois eu soube que a polícia o havia capturado, mas achei que não valia a pena dar queixa ou tentar recuperar meu dinheiro.
Ontem, fui à praia com uma turma louquíssima - novamente as holandesas, mais duas argentinas e meus amigos Juan (também argentino) e Diego (alemão que viveu em Curitiba e fala muito bem o português). Fomos à Ilha de Itaparica e só posso dizer que é um lugar paradisíaco, lindo, com praias maravilhosas e uma vista não menos exuberante da Cidade da Bahia.

Diego, meu irmão teuto-brasileiro

Juan, Tamara, Solana y Sophie, em Itaparica



Sophie experimenta o mate (ela disse que gostou, mas eu duvido)

Como diria o Betão: "Estou bem, não se preocupem comigo"

À noite, durante o jantar, outros holandeses (um casal mais uma garota) me convidaram para viajar com eles, hoje. Na hora, disse não, mas depois repensei e fui falar com eles em seu hotel - estavam dormindo, mas deixei um recado, dizendo que gostaria de acompanhá-los, de modos que posso realmente dizer adeus à Salvador e também ao Recôncavo Baiano, pelo menos por enquanto, e me jogar numa aventura a la On the Road, por umas estradas baianas e nordestinas, com três holandeses que acabei de conhecer. Esperemos.

Em tempo: a frase entre aspas que dá título a este post foi dita por Juracir, ou Papá, um velho santero do Pelourinho.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Descobri que sou baiano

Já falei sobre minha sensação de proximidade com Salvador. Algo incrível, mesmo. Talvez seja disso que falem sempre sobre a mística soteropolitana, que congrega em síntese toda a história do Brasil, da África e dos povos indígenas que aqui habitavam, com a contribuição errática do cristianismo europeu.
Andando por aí, encontrei uma senhora, dona Orentina, conhecida como Negrinha, que ao me ver me disse "Ah, meu filho, há quanto tempo que não lhe vejo". Eu respondi, "Talvez porque essa seja a primeira vez em que estou aqui...". "Meu filho, há quanto tempo não lhe vejo!" - Coisas da Bahia...

Também já me sinto em casa no Bar do Gino, um botequim no melhor estilo brasileiro que fica ao lado do Elevador Lacerda, na Cidade Baixa. Gino é um típico dono de boteco e no seu bar encotram-se várias cachaças de inúmeras partes do Brasil. Também é um ponto frequentado por todo tipo de gente que passa por ali pra beber uma cerveja Nobel. São trabalhadores, viradores, "moças", turistas, gente de todo tipo.Gino: típico dono de Botequim baiano
Frequentadores do botequim
Detalhes do boteco
Aproveitei o dia para ir a Igreja do Bonfim, com a qual fiquei impressionado. Está num lugar em que a vista é maravilhosa, além de ser outra pérola do Barroco Baiano - e também considerada a mais candomblé de todas as igrejas católicas do Brasil.Nosso Senhor do Bonfim: pérola do nosso barroco
Fui também ao Terreiro de Iansã, Casa de Marta, no Pelourinho. Ontem me disseram que haveria sessão lá hoje, mas fui informado pela própria Marta que Iansã avisou que só vem na quarta-feira que vem. Uma pena, porque já estarei longe.Detalhe do azulejo português no interior da Igreja.

Mas pretendo visitar um Terreiro de Candomblé antes de ir embora.
O calor é enorme, mas o que contagia mesmo é o calor humano.
Salvador é simplesmente linda. E olhem que eu ainda não fui à praia...

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A cidade da Bahia

Cheguei em Salvador com chuva, depois de um vôo perfeito, num avião 195 da Embraer, quase zero quilômetros.
Minha impressão da cidade foi de que, apesar de ser a primeira vez que vim pra cá, de que já éramos velhos conhecidos. Impressionante dèja vu. Salvador é muito bonita, quente. Peguei um ônibus rumo à Praça da Sé e depois de uma meia-hora, estava no Terreiro de Jesus, onde de cara fui abordado por vendedores de bugigangas, que falavam comigo em espanhol! Respondia "não, obrigado" e os caras "hermano, hermano" e eu: PORRA, SOU BRASILEIRO, que merda! Aí a coisa ficou pior: fui assediado por um cara chamado Rodrigo, que no final acabou se revelando uma pessoa legal. Ele me trouxe até o Albergue e depois me serviu como "guia" no Pelourinho e na Cidade Baixa. Eu logo percebi que se tratava de um malandro baiano, e como ele mesmo disse "Não sou guia oficial, mas aqui a gente se vira, porque eu tenho que levar comida pra casa". Em alguns momentos, os "guias oficiais" (que não são menos vampirescos e talvez sejam até mais sacanas que os "guias não-oficiais") nos abordavam e um deles chegou mesmo a quase escorraçar o Rodrigo, o que me deixou indignado, porque eu odeio a oficialidade. No fim, eu sabia que o cara estava me enrolando, mas depois eu ouvi sua história, ele ficou mais tranquilo e eu também - ele me mostrou uma foto de sua família e sua casa - realmente, pareciam gente pobre e trabalhadora, como muitos aqui e então, eu percebi o que ele quis dizer com "se virar pra levar comida pra casa". Acabei lhe pagando uma cerveja, um acarajé e ainda lhe dei 12 reais - que era o que eu tinha comigo - pelo passeio e pelas dicas.

Rodrigo, meu guia improvisado no Pelô

Desci à Cidade Baixa, vi o Mercado Modelo, comi meu primeiro acarajé, tudo isso ontem. Aí, voltei para o hostel, e me joguei na cama por volta das 18 e dormi como uma criança por umas duas horas - estava realmente cansado, com razão, afinal, havia tocado duas noites com o Cabide de Molambo e também havia viajado de Curitiba até Campinas, onde cheguei às 6 da manhã e esperei por meu vôo até as 10h30.

O Pelourinho é bem diferente do que eu imaginava, mas com certeza é lindo.

À noite, conheci um argentino que estava meio perdido e saímos beber cachaça - ele não conhecia a cachaça pura, e hoje, pra me recompensar, apresentou um mate, que tomamos numa roda composta por dois argentinos, um brasileiro e um alemão. Coisas de um Hostel.

Meu primeiro acarajé na Bahia, depois de 7 anos.

A decisão de me hospedar num Albergue foi baseada, primeiramente, no fato de que não se gasta muito com hospedagem - e um viajero sabe que a hospedagem pode custar boa parte do seu dinheiro - e depois, pelo fato de que a diversidade é enorme. Conheci um sujeito com sua esposa, Jurazez e Kelma, que nos ouviu falar de cinema e falou de duas produções - Cães e Deserto Feliz, de Lírio Ferreira. Juarez é de Petrolina e me deixou seu contato para quando eu chegar lá.

Bom, tem mais coisas pra falar, mas primeiro tenho que viver, afinal, estou na Bahia e a proposta deste blog é justamente falar das experiências, e se eu ficar nas escrevinhações, não terei mais nada pra conta.
Por enquanto é isso.

André

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Beggining of a great adventure

Estou em Campinas, no aeroporto de Vira Copos, onde o acesso à net é feito de uma loja da Vivo que cobra 20 centavos por minuto. Portanto, serei breve. Queria falar do final de semana, dos shows do Cabide de Molambo no Cimples Ócio (que foi ruim) e na Venda (que foi bom), da presença do compositor Branco Tavares, de 103 anos de idade, em nosso show, da música "Línguas de Trapo", de sua autoria, que executamos, do jantar de sexta-feira em casa, das emoções de estar em Campinas depois de 7 anos e do quanto esta cidade é dinâmica, e também das emoções de voar para a Bahia, depois de 7 anos também, e ainda queria postar umas fotos, mas não vou fazê-lo, porque aqui é caro demais.
Vou escrever de Salvador, onde chegarei, provavelmente, às 12h45 de hoje.
Por enquanto é isso.
Em breve, eu me tornarei, como Mário de Andrade, um "fotógrafo e turista aprendiz".

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

CALDO DE CANA INDEPENDENTE!


a idéia deste blog - mais um que eu inventei, além dos instantâneos do samba e das aulas do andrezão - é tentar descrever minha viagem à bahia, que começará dia 22 e se extenderá por 20 dias.
quero postar fotos, contar histórias, descrever as aventuras, dar dicas, comentar sobre coisas inusitadas que possam acontecer durante o tempo em que esta viagem perdurar.
espero que esteja a altura de seus interesses.
o sertão e o nordeste me fascinam. vejo o sertão de canudos, cocorobó, bendegó, uauá, monte santo, onde estive há sete anos, como um lugar místico, que expõe um estado de alma somente manifestado lá.
o nascer e o por-do-sol. o gigantismo da visão sertaneja, ao lado de seu mínimo expressar. as plantas, os bichos, as árvores, os rios. a via-sacra do monte santo. a cidade onde a guerra começou. o povo, os amigos.
tudo isso me interessa.
antes do sertão, entretanto, salvador.
vou descobrir finalmente a capital da bahia de todos os santos, a nigéria, angola, benin no brasil (ou será o brasil no benin?).
é absolutamente maravilhoso ser livre.
andré