Nanuque fica no extremo nordeste mineiro, quase já na Bahia. A cidade é cortada pelas águas barrentas do Rio Mucuri, que vai desaguar na cidade do mesmo nome, no sul da Bahia. Trata-se de um daqueles lugares que não figuram no imaginário coletivo dos habitantes do centro-sul do Brasil - mas que, ao contrário do que possam pensar os "civilizados"(esse termo normalmente combina com "alienados"), Nanuque existe, tem coisas interessantes, uma dinâmica própria, e um jeito simples de viver.
É claro que trata-se de um lugar onde a concentração de renda é a lei - ali, as usinas de cana-de-açúcar são a base da economia, também agora representadas pela plantação de eucaliptos para a indústria de papel. Em outras palavras, significa que há cada vez menos mata e pastagem nativa e cada vez mais monocultura e latifúndio.Eu não me aprofundei nos conflitos sociais que podem exisitir por ali, mas é óbvio que os contrastes e contradições falam por si mesmos. O lugar antigamente era habitado por povos indígenas, e deles, só restou o nome - a cidadezinha de Serra dos Aimorés, a última cidade mineira antes da Bahia, a própria nomenclatura Nanuque, Mucuri, são alguns exemplos do que sobrou desses povos.
Depois, o homem branco chegou, e dominou tudo. O século 20 trouxe a exploração mecanizada, e é evidente que a mobilidade social ali é algo muito lento, quase estático. Também, não há universidade (a UFVJM teve o câmpus inaugurado em Teófilo Otoni há menos de um mês, e de resto, temos outras só em Porto Seguro, distante uns 400 km do lugar).
De uma certa forma, a população de Nanuque vai levando sua vida do jeito antigo, lento, com o isolamento rompido apenas recentemente, pela Internet e pelas antenas de TV e suas telenovelas, que interferem e muito na vida da cidade e nas aspirações de seus habitantes.
Dá pra sentir que os jovens de lá querem uma vida melhor, mas essa vida melhor, o sonho talvez de ir para a cidade grande - seja Vitória, Belo Horizonte ou Salvador, e mesmo ainda o "sul maravilha" que já não ilude tanto, mas ainda tem seus adeptos - será compatível com as suas reais necessidades?
Bom, não vai ser aqui que vamos questionar as estruturas fundiárias, agrárias, sociais que fizeram a sociedade brasileira, sempre baseadas na lei do mais forte.
Apenas as imagens, nunca isentas de uma interpretação e de escolhas do observador, podem, talvez, falar por si mesmas.
O rio Mucuri tendo ao fundo a pedra Bueno
Produtos típicos
Verde que te quero azul
Indiferente às preocupações, o menino nada nas águas barrentas do Mucuri
Breno, um garoto feliz
Paraguai em Nanuque
Muito cuidado com o tipo de refresco que você vai pedir
Excelente visão tanto na descrição do texto quanto nas imagens e legendas!!!
ResponderExcluirboas lembranças de nanuque...
ResponderExcluirNa minha humilde opinião de leitor do caldo de cana, esse foi o post mais legal do blog. Desde o texto até as fotos.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSeu roteiro, suas descrições e fotos surpreendem. Eu nunca imaginei que iria ver Nanuque no seu blog. Nanuque é um lugar muito distante para mim, mas ouço umas histórias de lá desde criança. Meu pai trabalhou lá. Vou mostrar seu blog para ele. Acho que ele vai se surpreender. Abraços.
ResponderExcluirEu moro em Nanuque é tudo verdade que o autor do blog descreve abraçoss!!!
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