terça-feira, 12 de outubro de 2010

Minhas músicas preferidas de Lennon

Ainda na onda de homenagens ao septuagésimo aniversário de John Lennon, vou postar, com pequenos comentários, alguns clipes das músicas que eu mais aprecio da carreira solo do ex-beatle.

Para começar, Instant Karma, de 1970 - o primeiro hit da carreira solo de Lennon, que já anunciava suas opções ativistas.

God, do álbum de estreia "Plastic Ono Band" (1970) ficou famosa por conter a litania em que Lennon discorre sobre tudo em que ele "não crê": mágica, I-ching, Bíblia, Tarô, Hitler, Jesus, Elvis, Bob Dylan, Yoga, Beatles, entre outros ícones. E também, por conter o famosíssimo verso "O sonho acabou".


Ainda do primeiro álbum, uma das músicas mais diretas. I found out faz uma grande crítica em um estilo pré-punk, cru, ao egoísmo e individualismo que se escondem atrás das "buscas" das pessoas em se aproximar dos ídolos e líderes. Puro rock'n roll.

No disco de 1970, o primeiro pós-Beatles, John Lennon tentava, de alguma maneira, se defender de várias acusações ridículas que procuravam enquadrar sua postura (o casamento com Yoko, as posições "ingênuas" sobre a paz, o envolvimento com a política, o chute no balde da "maior banda do planeta"). Muitos fãs, críticos e até mesmo os amigos achavam que Lennon havia enlouquecido e o acusavam de traição - quando na verdade, tudo o que ele queria era abandonar a posição de "líder", e viver sua própria vida. Ele e Yoko pensavam não se submeter à ideias prontas era uma maneira de influenciar as pessoas de maneira positiva a tomar atitudes por si mesmas. A música "Working class hero" trata, de uma maneira extremamente crítica, dessa renúncia ao estrelato e à fama, expõe a hipocrisia da sociedade que mantém os jovens "viciados com religião, sexo e TV" enquanto exige que se tornem corajosos e sorriam ao atirar. Um auto-retrato de toda uma geração.

"How do you sleep?", do álbum Imagine, 1972, é a resposta em formato de bomba de fragmentação a uma suposta crítica que Paul McCartney teria feito a Lennon na música "Too many people". Com o endosso de George Harrison (que toca guitarra slide), a música acusa Paul de só ter feito "Yesterday", de realmente "estar morto" como os "freaks" disseram nos anos 60, de ser apenas "um rostinho bonito" e de fazer música de consultório médico. O clipe, não oficial, é meio ruim, mas a pegada é forte. Dois brothers detonando um terceiro...

Ainda no álbum Imagine, "Gimme some truth" é uma música dirigida aos "cabelos-mentes curtas" amigos de "Tricky Dicky"(Leia-se, Richard Nixon), que usam dinheiro para drogas e amordaçamento. Também com a guitarra de Harrison. Mais atual, impossível.

Do disco mais político do casal Lenono, o subestimado "Sometime in New York City", temos algumas faixas que merecem atenção. Para começar, "Sunday bloody sunday", que fala sobre o massacre conhecido como "domingo sangrento", quando em 1972 o Exército Britânico matou 14 manifestantes e feriu outros 26, durante protestos pela libertação da Irlanda do Norte do jugo britânico.

Do mesmo disco, temos "Attica State", que remete ao massacre da prisão de Attica, que vitimou 39 prisioneiros que exigiam melhores condições carcerárias.

Woman is the nigger of the world é a letra mais feminista de Lennon e Yoko. O refrão fala "Nós a fazemos pintar o rosto e dançar"

O disco seguinte é "Mind games", de 1973, que marca o início da separação de John e Yoko (período em que Lennon surtou e que ficou conhecido como "fim-de-semana perdido de 18 meses"). A música fala sobre as buscas espirituais e as guerrilhas mentais que empreendemos para, afinal, compreender que "amor é a resposta e a flor que devemos deixar crescer".

"Walls and bridges", 1974, é um disco de resignação, em que John desiste de tentar voltar a viver com Yoko e fala de sua dor-de-cotovelo em várias faixas bastante amarguradas, mas incrivelmente bem produzidas. O disco tem um conjunto de cordas e metais que foi dirigido pelo próprio Lennon, que também fez os arranjos. A faixa "Whatever gets you thru the night", com a participação de Elton John, foi um dos grandes sucessos de Lennon. A versão abaixo é do show ao vivo de Elton John que contou com a participação de Lennon e foi marcante por duas razões: foi a última apresentação ao vivo de John e também porque após a apresentação, Yoko e John finalmente se reconciliaram da longa separação.

Nobody loves you when you're down and out é uma canção que teria sido escrita para Frank Sinatra. "Todos te amam quando estás a seis palmos abaixo da terra". Letra dolorida, mas uma música e tanto.

Scared é uma das minhas preferidas.

Rock'n Roll(1975) é um disco que Lennon fez por duas razões: para cumprir um contrato e para homenagear seus heróis do rockabilly, como Chuck Berry, Little Richards, Buddy Holly entre outros. Foi o último disco de estúdio de John antes da reclusão de 5 anos, em que ele se dedicou a criar o filho Sean, nascido em outubro do mesmo ano. A faixa é "Slipin' and Slidin'", clássico de Little Richards, seguida de "You can't catch me", de Chuck Berry.

Double fantasy (1980) marca a volta de John e Yoko ao showbiz depois do período "família". Ironicamente, o disco seria o último lançado por John, que seria assassinado menos de um mês depois de seu lançamento. A faixa "(Just like) starting over" é um manifesto de um novo tempo que estava por vir, mas que não foi concluído.

Para encerrar, a faixa "Hard times are over (for awhile)", de Yoko Ono, que fecha o disco e também é uma ironia do que estava por vir.

É isso, espero que apreciem.







2 comentários:

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