Cheguei em Salvador com chuva, depois de um vôo perfeito, num avião 195 da Embraer, quase zero quilômetros.
Minha impressão da cidade foi de que, apesar de ser a primeira vez que vim pra cá, de que já éramos velhos conhecidos. Impressionante dèja vu. Salvador é muito bonita, quente. Peguei um ônibus rumo à Praça da Sé e depois de uma meia-hora, estava no Terreiro de Jesus, onde de cara fui abordado por vendedores de bugigangas, que falavam comigo em espanhol! Respondia "não, obrigado" e os caras "hermano, hermano" e eu: PORRA, SOU BRASILEIRO, que merda! Aí a coisa ficou pior: fui assediado por um cara chamado Rodrigo, que no final acabou se revelando uma pessoa legal. Ele me trouxe até o Albergue e depois me serviu como "guia" no Pelourinho e na Cidade Baixa. Eu logo percebi que se tratava de um malandro baiano, e como ele mesmo disse "Não sou guia oficial, mas aqui a gente se vira, porque eu tenho que levar comida pra casa". Em alguns momentos, os "guias oficiais" (que não são menos vampirescos e talvez sejam até mais sacanas que os "guias não-oficiais") nos abordavam e um deles chegou mesmo a quase escorraçar o Rodrigo, o que me deixou indignado, porque eu odeio a oficialidade. No fim, eu sabia que o cara estava me enrolando, mas depois eu ouvi sua história, ele ficou mais tranquilo e eu também - ele me mostrou uma foto de sua família e sua casa - realmente, pareciam gente pobre e trabalhadora, como muitos aqui e então, eu percebi o que ele quis dizer com "se virar pra levar comida pra casa". Acabei lhe pagando uma cerveja, um acarajé e ainda lhe dei 12 reais - que era o que eu tinha comigo - pelo passeio e pelas dicas.
Rodrigo, meu guia improvisado no Pelô
Desci à Cidade Baixa, vi o Mercado Modelo, comi meu primeiro acarajé, tudo isso ontem. Aí, voltei para o hostel, e me joguei na cama por volta das 18 e dormi como uma criança por umas duas horas - estava realmente cansado, com razão, afinal, havia tocado duas noites com o Cabide de Molambo e também havia viajado de Curitiba até Campinas, onde cheguei às 6 da manhã e esperei por meu vôo até as 10h30.
À noite, conheci um argentino que estava meio perdido e saímos beber cachaça - ele não conhecia a cachaça pura, e hoje, pra me recompensar, apresentou um mate, que tomamos numa roda composta por dois argentinos, um brasileiro e um alemão. Coisas de um Hostel.
Meu primeiro acarajé na Bahia, depois de 7 anos.
A decisão de me hospedar num Albergue foi baseada, primeiramente, no fato de que não se gasta muito com hospedagem - e um viajero sabe que a hospedagem pode custar boa parte do seu dinheiro - e depois, pelo fato de que a diversidade é enorme. Conheci um sujeito com sua esposa, Jurazez e Kelma, que nos ouviu falar de cinema e falou de duas produções - Cães e Deserto Feliz, de Lírio Ferreira. Juarez é de Petrolina e me deixou seu contato para quando eu chegar lá.
Bom, tem mais coisas pra falar, mas primeiro tenho que viver, afinal, estou na Bahia e a proposta deste blog é justamente falar das experiências, e se eu ficar nas escrevinhações, não terei mais nada pra conta.
É, é complicada a nossa relação com os tão polêmicos trabalhadores não oficiais. Assim como os flanelinhas, esse pessoal acaba nos vencendo de tanto perturbar nossa perspectiva de sossego.
ResponderExcluirAgora, porque o pelourinho é diferente do que você imaginava? A propaganda do turismo criou uma falsa imagem ou foi algo mais do tipo "ao vivo ele é bem mais bonito"?
Quanto aos Hostels, sei bem do que você ta falando, mas pra minha sorte haviam mais mulheres hospedadas haushasjdhasjhdjklashdkjashjkla